– “Só caso depois que me formar, tiver meu emprego, minha casa e meu carro. Não nasci pra ficar dependendo de homem!”
Conforme a última pesquisa Estatísticas do Registro Civil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros estão casando cada vez mais tarde. Apesar de muitos sonharem com o esperado “grande dia”, esse dia parece cada vez tardar mais. As prioridades são muitas. Comprar o carro, passar no emprego da vida, conseguir a estabilidade financeira e comprar a casa própria estão entre os preferidos da lista “coisas que devemos ter antes de casar”.
Em algumas rodas de família já virou consenso: “só pode casar depois que formar”, ou “só quando conseguir aquele emprego que ganha x mil”, ou ainda “tem que ter casa própria pra casar”. Mas quem foi que disse que esse deve ser o padrão? Por que ser taxada de louca ou irresponsável se me casar antes da formatura ou do tão almejado emprego ou se for morar de aluguel?
Não me entenda mal. Não estou aqui defendendo o casamento a qualquer preço, sem qualquer planejamento. Obviamente, o casamento precisa ser estruturado; estruturar as finanças é necessário. Colocar no papel a receita e as despesas é importante antes de assumir tão grande compromisso. Mas o que me preocupa é a quantidade de barreiras que estamos colocando. “Casar com 22 anos? Loucura!” Sinceramente, não vejo problemas. Se esse casal tiver condições necessárias de se manter (mesmo que em uma vida simples) já se conhecer tempo suficiente para racionalmente decidir pela aliança eterna e tiver muito amor e força de vontade para fazer dar certo o compromisso, por que loucura seria?
Li uma frase aleatória do Zack Magiezi esses dias:
Eu acredito que amor
é construção
e construir sozinha
é cansativo.
Casamento é construir junto e, confessemos, mexer com obra nunca é fácil! No início, uma bagunça. Nada muito organizado, nem estabilizado. Mas depois as coisas vão se encaixando e a obra vai tomando forma até se constituir no arranjo final. Lindo, organizado, sólido e forte para aguentar as pressões.
Construir sozinho é cansativo demais. A obra não precisa começar grandiosa. Ela pode ser simples. Uma casinha de aluguel humilde no início e poucos móveis. Aos poucos, a casinha ganha forma, cor e decoração, tudo moldado pelo jeito do casal. Ajunta-se mais esforços e a casinha simples é substituída pela casa desejada. E assim os sonhos se tornando reais. Com muita dedicação, suor e esforço. Conjuntos. Juntos.
Loucura não é casar cedo ou não poder morar no lugar dos sonhos e não ter o dinheiro para a lua de mel internacional. Loucura mesmo é retardar a oportunidade de começar a fazer o outro feliz e ser feliz pela ânsia frenética do melhor salário, melhor carro e casa própria. Loucura é dar prioridade às conquistas materiais ao prazer da vida dois. Loucura é deixar a vida te lapidar sozinho, quando pode ser moldado a dois. Loucura é querer construir sozinho o que se pode construir a dois.
Ter condições de adquirir uma boa casa, ganhar um bom salário, arcar com uma festa linda e uma lua de mel em um lugar paradisíaco é excelente, mas não se isso não for realidade, não pode ser barreira para a união de duas pessoas. De fato não precisamos de muito para ser feliz. Se você já encontrou um parceiro valioso, seu companheiro de vida, você já tem um tesouro ao seu lado. Dê valor ao que realmente importa!
E o resto? O resto aos pouquinhos a gente consegue.