No último dia 24 de março de 2016, encerrou-se a 60ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), na sede Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque.

   A CSW é uma instância da ONU (Organização das Nações Unidas) e foi criada pelo ECOSOC (Conselho Econômico e Social da ONU) em 1946 com as funções de preparar relatórios e recomendações ao ECOSOC sobre a promoção dos direitos das mulheres nas áreas política, econômica, civil, social e educacional.

   A CSW60 foi presidida pelo Brasil, na pessoa do embaixador Antonio Patriota, que foi eleito em 2015 para estar à frente das discussões. O tema escolhido foi “Empoderamento das Mulheres e sua Relação com o Desenvolvimento Sustentável”.

   Apesar dos grandes esforços da Comissão durante esses 60 anos, é crescente a ênfase em questões altamente contenciosas entre os Estados e que, em muitos casos, não refletem as necessidade reais e prioritárias das mulheres ao redor do mundo.

   O verdadeiro empoderamento da mulher consiste no olhar de suas diárias aflições no mundo pós-moderno e não na sua instrumentalização para promoção de uma agenda ideológica, que por si mesmo prejudica a vida, a saúde e viola a dignidade da pessoa humana.

   Além da necessidade de mudanças jurídicas, mapeamento de políticas públicas e estabelecimento de parcerias, é fundamental que as mulheres de todas as faixas etárias, das mais diversas origens, tenham suas vozes ampliadas a fim de que o mundo conheça suas principais lutas e reais problemas.

   Nós, mulheres do mundo em desenvolvimento, não precisamos de um direito internacional que legalize e incentive a prática de um procedimento cirúrgico totalmente invasivo para o nosso corpo, nem que deixe feridas físicas e psicológicas eternas na nossa vida como é o aborto, por exemplo.  Também não precisamos de milhões sendo gastos em contraceptivos, redução da fertilidade e no controle populacional.

   Na verdade, o que de fato precisamos é de investimentos para o acesso a água limpa, nutrição adequada e lar seguro. Queremos políticas que nos garantam educação de qualidade, saúde, infraestrutura urbana, acesso à cultura e à maternidade saudável. Políticas que protejam as nossas vidas e as de nossos bebês, dando o devido valor à vida.

   Não queremos e definitivamente não precisamos de uma agenda abstrata em torno de questões controversas, que ao invés de nos guiar ao pleno desenvolvimento do nosso potencial, nos afasta cada vez mais dele, tentando nos enquadrar em estatísticas errôneas e pesquisas parciais.

   Precisamos ser reconhecidas na nossa preciosidade, unicidade e nas nossas diferenças. Reconhecidas como mulheres que somos, com valores e dignidade intrínseca e por isso, possuidoras de direitos inalienáveis. Não estamos dispostas a ser marionetes de determinados grupos, ideologias ou organismos. Estamos no mundo, somos parte dEle e faremos com que nossas vozes sejam ouvidas, ecoando as nossas reais necessidades. E se você não estiver disposto a lutar por elas, por favor, não fale em nosso nome!